quinta-feira, 28 de março de 2019

Contra o Distributismo



O economista Jay Richards junto com Taylor Marshal e Timothy Gordon criticam fortemente o Distributismo. O principal aspecto da crítica é que o Distributismo seria socialismo, na medida em que na verdade os proprietários não teria controle da propriedade que possuem, seria necessário um estado muito forte para fazer isso.

Bom, aceito que o Distributismo tem muitas falhas e no final das contas é mais uma filosofia ética para economia do que uma teoria econômica. Mas os autores deveriam prestar atenção que GK Chesterton e Belloc reconheciam esse problema do Distributismo e ao propuseram apenas medidas em direção a que mais pessoas tivessem mais acesso a propriedades e não o uso do poder ditatorial do Estado, eles abominavam o socialismo.

Em todo caso, vale muito o debate com esses autores. Por vezes, acho que eles deveriam ter mais cuidado ao tratar de Chesterton e Belloc, pois eles eram muito profundos em suas análises. Mais vale o debate.

Além disso, quando se começa a entender o capitalismo se começa a valorizar o Distributismo. Isto é, as falhas éticas e resultados econômicos do capitalismo sustentam o Distributismo.

Uma crítica que faço a Jay Richards é essa de achar que os grandes poderes econômicos chegaram onde chegaram simplesmente por conta da inovação e da capacidade produtiva. Esquecendo todas as falhas éticas e apoio estatal no processo de desenvolvimento dessas conglomerados econômicos.



4 comentários:

  1. Olha, eu sempre enxerguei a doutrina social da Igreja mais como uma filosofia ética que serviria para guiar um sistêmica econômico de livre mercado do que como um sistema econômico independente. Acho que é isso o que um católico conservador tem em mente ao se definir liberal na economia, mas o que eu noto na maioria dos católicos mais tradicionalistas é a total incapacidade de discernir entre a defesa de uma política econômica liberal que diminua o controle estatal sobre os cidadãos e uma doutrina econômica amoral cujo ápice seria um "capitalismo cru", como bem observou o Olavo de Carvalho ao remeter às palavras do próprio Karl Marx. Jamais conheci nenhum católico dito liberal que desprezasse a necessidade de valores culturais e religiosos sólidos para ordenar uma economia plena de livre mercado.
    Mas me parece que, devido ao profundo ranço antiliberal nos meios trads, eles não consigam enxergar no liberalismo econômico seu traço mais científico (ou seja, o fato de os liberais terem provado que uma economia livre realoca recursos muito mais eficientemente do que qualquer sistema estatista, e é, portanto, muito mais benéfica aos pobres) e prefiram criar o espantalho do liberal sem coração que prospera num ambiente econômico de amoralidade à custa do bem-estar dos pobres. Consequentemente, eles repudiam qualquer tentativa de conciliação entre catolicismo e liberalismo e condenam os que se dizem católicos e liberais na economia.
    Isso é uma infantilidade tão imbecil dos trads que eles chegam ao ponto de adotar posições esquerdistas para justificar seu antiliberalismo. Já perdi a conta das vezes em que perguntei a esses tipinhos: "Muito bem, se eu não posso ser economicamente liberal, qual é o posicionamento econômico mais adequado a um católico conservador?" A maioria deles diz que é a Doutrina Social da Igreja, o que para mim não tem sentido nenhum. (imaginemos que alguém lhe peça que escolha um copo, uma garrafa ou um penico para beber água, mas você respondesse que nenhuma dessas escolhas é apropriada porque o correto é escolher a própria água...) Mas quando eu peço que ele desenvolva sua resposta, esclarecendo exatamente o que é DSI ou Distributismo, ele ou não consegue desenvolver ou descamba logo pra uma posição de esquerda, argumentando que o Estado católico tem a função de cuidar do seu rebanho através de assistencialismo. E tudo isso por quê? Porque odeia o liberalismo e não consegue enxergar nele nada mais que um instrumento de opressão de burgueses ímpios e maçons contra pobres fiéis católicos.
    O liberalismo econômico é uma forma pela qual a prosperidade econômica pode ser alcançada, e é só num povo com uma ética religiosa baseada no cristianismo que ele pode distribuir essa prosperidade a todos (a China tá aí pra provar que, sem isso, só produz injustiça social e exploração). É compreensível que católicos contaminados pela Teologia da Libertação o repudiem, mas por que os tradicionalistas insistem nesse preconceito infundado?

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    1. Meu amigo, obrigado pelo comentário. Eu tenho apenas algumas observações.

      1) Acho que você deve ter em mente que pode ter imaginado também um espantalho. Quando você diz que nunca conheceu um católico liberal que desprezasse a moral. Eu digo que conheço vários.

      Depende de sua definição de católico. Por exemplo, está cheio deles no Partido Novo.

      2) O liberalismo como crença seguramente leva a questões morais, pelo simples modo de como deve ser tratado o dinheiro.

      3) A doutrina da Igreja não condena o livre mercado, mas tem restrições ao liberalismo.

      4) A China não é exemplo de capitalismo nem de liberalismo. A China é exemplo de estado totalitário dominando a economia.

      5) O verdadeiro desenvolvimento é fruto da moral e não do liberalismo.

      6) Não existe livre mercado em lugar nenhum. O que existe é um capitalismo misturado com regulações estatais mais ou menos restritivas.

      Abraço,
      Pedro Erik

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  2. Concordo com você Pedro.
    Sem um plano de fundo moral e ético, como a Igreja Católica sempre ensinou, vira um liberalismo desenfreado, amoral e aético.
    Os dez mandamentos deveriam ser o ponto de partida em tudo em nossa vida, e na economia também.
    Abraço,
    Emanoel

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  3. Liberais criticando o Distributivismo? Não me surpreende. :(

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