segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A Ficção dos Bancos


Mais um que entende que há algo de errado com os bancos, coisa que muitos (como a Igreja Católica) dizem há séculos. Desta vez é Adair Turner, ex-chefe da Agência de Controle Financeiro do Reino Unido.

Do Valor Econômico de hoje:


A explosão de endividamento e o QE
Por Gillian Tett

O perigo dos vícios é que eles tendem a tornar-se cada vez mais compulsivos. Essa poderia ser uma moral derivada dos eventos desta semana. Poucos dias atrás, eram muito altas as expectativas de que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) estivesse prestes a reduzir suas compras correntes mensais de títulos no equivalente a US$ 85 bilhões. Mas, o Fed acabou piscando, em parte por estar preocupado com o fato de que os mercados já vinham reagindo excessivamente à mera consideração de uma possível mudança de política. Diante das opções - frear o vício ou fornecer mais uma dose da "droga do alívio quantitativo" (QE, em ingês) o Fed preferiu a última.
Sob diversos ângulos, isso é compreensível; os dados econômicos reais ainda estão fracos. Mas à medida que os investidores tentam entender o que o Fed fará (ou não fará), vale a pena refletir sobre um oportuno discurso feito recentemente por lord Adair Turner, ex chefe da agência reguladora do Reino Unido. Conforme Turner disse na semana passada a economistas suecos, e repetiu para autoridades de bancos centrais e economistas em Londres nesta semana, a verdadeira história por trás da recente dramática saga financeira - a dança dos mercados em torno do QE ou a crise do Lehman Brothers, cinco anos atrás - é que as economias ocidentais tornaram-se viciadas em níveis cada vez mais altos de endividamento.
Até que esta situação mude, é delirante pensar que alguém tenha realmente "consertado" o mundo financeiro ocidental com as reformas pós-Lehman ou tenha criado um crescimento verdadeiramente saudável, insistiu Turner. Dito de outra forma - embora ele não tenha expresso com tanta franqueza -, uma maneira de interpretar a dança em torno do QE nesta semana é que as autoridades econômicas continuam a dar sustentação a um sistema financeiro que é (na melhor das hipóteses) estranho e (na pior) instável.
Essas críticas, evidentemente, não são novas: economistas independentes, tanto na extrema-direita como na extrema-esquerda, têm feito isso há anos. Mas o que torna a contribuição de Turner notável é que, até recentemente ele esteve no centro do sistema financeiro mundial - e do processo de reforma pós-Lehman -, que ele agora considera tão falho. E dessa perspectiva ele destaca algumas contradições curiosas. Considere o que fazem os bancos. Um livro-texto padrão de economia, escreve Turner, afirma que os bancos existem para "captar depósitos de poupadores e, então conceder empréstimos a tomadores"... e "primordialmente emprestar a empresas e empreendedores para financiar projetos de investimento". Assim, "a demanda por dinheiro é um aspecto crucial" em termos de crescimento.
Mas essa descrição é uma ficção, diz ele. O motivo? Ele calcula que hoje, no Reino Unido, apenas 15% do total de fluxos financeiros é efetivamente canalizado para "projetos de investimento"; o restante dá sustentação a ativos empresariais, imobiliários ou finanças pessoais não garantidas, existentes para "facilitar a estabilização do ciclo de vida do consumo".
Algum financiamento não destinado a investimentos é socialmente útil, admite Turner, mas não em largas doses. No setor imobiliário, por exemplo, a maioria do crédito apenas "financia a aquisição de casas já existentes", em vez de investimento em novas casas (ou seja, construção civil). E o que é realmente notável sobre a parcela de não investimento nesse cenário financeiro é que ele explodiu; como resultado, como também ressaltou Andy Haldane, do Banco da Inglaterra, num debate em Londres na semana passada, a dimensão do crédito para pessoas físicas em relação ao PIB dobrou para 200% nos últimos 50 anos.
Isso torna ridículas as histórias contadas nos livros didáticos existentes e nas premissas oficiais para as políticas monetárias. Mas a explosão do crédito tem outra implicação peculiar, comentam Haldane e Turner: como o crédito total continua subindo inexoravelmente, ao mesmo tempo em que o crescimento continua inalterado, a "produtividade" do dinheiro está caindo, assim como aumentou a propensão do sistema superalavancado de exibir expansões aceleradas seguidas de colapsos repentinos, em meio a mudanças no ânimo do investidor.
Então, haverá alguma solução? Turner oferece algumas ideias. Ele defende uma revisão radical dos modelos intelectuais que os economistas usam (inclusive, presumivelmente, daqueles pertencentes a bancos centrais). Ele também quer que as autoridades econômicas reduzam deliberadamente o crédito. Assim, o arcabouço de Basileia 3 para os bancos deveria incorporar exigências de capital contracíclicas duras, argumenta ele, e os reguladores deveriam voltar a incluir "entre os instrumentos de política, exigências quantitativas de reservas, que limitam mais diretamente os multiplicadores bancários e, assim, o crescimento do crédito, do que aumentos nas exigências de capital".
Ora, como sabemos, isso não está acontecendo; ao contrário, os bancos britânicos estão sob pressões políticas para que ofereçam mais financiamento habitacional, pois os preços das casas atingiram novos picos, e o Fed está tão determinado a dar um empurrão no mercado imobiliário americano que continua devorando esses títulos lastreados em financiamento habitacional. Claro, a linha política oficial é que essa é apenas uma medida temporária: quando houver crescimento forte e sustentável isso cessará.
Mas não aposte nisso para breve; pelo menos não em um mundo onde os preços dos ativos e os espíritos animais são agora tão dependentes do dinheiro barato, e tão cruciais para estimular o crescimento. De qualquer forma, em meio às comemorações dos investidores pela decisão envolvendo o QE, nesta semana, eles fariam bem em lembrar a estimativa de 15% para os investimentos produtivos. E seria fascinante se alguém tentasse descobrir qual é essa proporção, na economia americana, hoje. Especialmente se esse cálculo vier do Fed. (Tradução de Sergio Blum)
Gillian Tett é comentarista de finanças e mercados, e editora- assistente do FT

sábado, 21 de setembro de 2013

Rei da Holanda: "O Povo que se Vire"


O Rei da Holanda, Guilherme Alexander, está certo: o estado do bem-estar social morreu. O povo e o mercado tem de se desenvolver sozinhos. O povo deve criar sua própria rede de assistência social. Vejam vídeo abaixo do discurso do Rei feito esta semana.

Digo eu, foi este modelo de desenvolvimento, que eu chamo de trabalho, que fez o mundo desenvolvido ser desenvolvido. É este modelo que fará os países em desenvolvimento e pobres saírem da miséria.

Criação de própria rede de assistência social é um modelo das associações da idade média que funcionava e ajudou em muito aos países europeus serem o que são hoje.

A assistência exagerada do estado perpetua a pobreza, a preguiça e o conflito social.



Este post também foi publicado no meu blog Thyself, O Lord.


(Agradeço a indicação do vídeo ao blog do Firehead)

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Apenas uma Imagem e um Gráfico definem o Federal Reserve

 
Esta imagem acima e o gráfico abaixo dizem tudo sobre a decisão do Federal Reserve (Fed) de ontem em manter as compras de 85 bilhões de dólares mensais de títulos e hipotecas.


O Fed entope o mercado de dinheiro deste 2009, e a economia americana não deslancha, e ainda por cima o mercado financeiro se viciou no dinheiro baratíssimo e cria armadilhas (bolhas) para o Fed. Agora, se o Fed começar a retirar os estímulos financeiros, o mercado imobiliário entra em crise e pode voltar a crise.


(Agradeço a imagem ao site Drudge Report e o gráfico ao site Zero Hedge).